Debatedores defendem políticas públicas voltadas prioritariamente para idosos que vivem no campo

Foto: Reprodução

 

Por Portal do Parente

A priorização dos gestores para políticas que atendam aos idosos que vivem nas áreas rurais é apontada como uma das estratégias necessárias para superar as dificuldades deste grupo da população em acessar serviços públicos e garantir qualidade de vida em idade mais avançada.

Essa foi uma das conclusões do debate promovido pela Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa realizada na última sexta-feira (13) sobre o tema. Dos 30 milhões de brasileiros com mais de 60 anos, cerca de 15% estão no meio rural.

Renato Gomes, da Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, reconheceu o desafio de atender a populações que vivem em áreas mais isoladas. Além dos idosos das zonas rurais, ele citou os que pertencem a comunidades quilombolas, indígenas e ribeirinhas. Renato exemplificou algumas das dificuldades.

“Um simples deslocamento dessa pessoa idosa até um serviço, por exemplo de saúde, pode se tornar um desafio muito grande. Dificuldades de mobilidade, com a ausência de transporte público regular; ausência do Estado, pela não priorização da gestão local a áreas afastadas dos centros urbanos; o acesso prejudicado à informação pela instabilidade ou ausência de sinal de internet, celular e TV.”

Políticas existentes

Representantes do governo federal falaram sobre as políticas públicas que alcançam os idosos do campo. Miriam Queiroz, do Ministério da Cidadania, informou que os Centros de Referência de Assistência Social (Cras) têm equipes volantes que atuam na zona rural. Já Lucelia Nico, do Ministério da Saúde, reforçou a importância do atendimento domiciliar.

Nathalia Lobo, do Ministério das Comunicações, citou a oferta de internet, rádio, TV, telefonia fixa e móvel, enfatizando os avanços que devem acontecer com a implantação da tecnologia 5G.

Aposentadoria

Juraci Souto, da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais (Contag), lembrou que, a partir da aposentadoria, a mão-de-obra da agricultura familiar age de maneira diferente dos trabalhadores urbanos, que normalmente deixam de exercer as profissões de origem.

“Mesmo depois que conseguem aposentadoria (aos 55 anos as mulheres e aos 60 os homens), eles continuam na ativa, eles continuam produzindo, continuam gerenciando suas propriedades dentro da agricultura familiar”, explicou.

Censo

O presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eduardo Rios Neto, enfatizou a importância da realização do Censo, previsto para 2022, no embasamento de políticas públicas para os idosos do campo. Ele levou dados sobre o peso da Previdência Rural como uma dessas políticas e corroborou, com números, o envelhecimento da mão-de-obra.

“A gente vê realmente a força de trabalho do pequeno produtor jovem diminuindo a participação relativa – por exemplo, 25 a 35 anos, era de quase 13% em 2006 e passou a 10% em 2017 – enquanto 65 anos e mais passando de quase 18% para 21,5%.”

Para o deputado Vilson da Fetaemg (PSB-MG), que propôs a audiência pública, a população rural precisa de pouco para viver, mas mesmo esse “pouco” está faltando.

“Para o Estado, para o governo, é muito mais interessante ter políticas para aqueles que ainda estão no campo do que eles saírem do campo e buscarem uma vida que eles esperam encontrar no perímetro urbano, na cidade, e não vão ter”.

O parlamentar destacou outro problema que atinge os idosos da zona rural: a quantidade de analfabetos e semianalfabetos, que segundo ele, chega a 70% do total.

 

 

 

Fonte: Agência Câmara

 

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