Procurador-geral da Venezuela acusa Lula de ser “agente da CIA que fora cooptado na prisão”

 

O procurador-geral da Venezuela, Tarek Saab, fez duras críticas ao presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante um programa transmitido pela emissora estatal venezuelana Globovisión neste domingo (14). Segundo Saab, Lula teria sido “cooptado pela CIA” durante o período em que esteve preso e agora atuaria como um porta-voz dos interesses dos Estados Unidos na América Latina. As declarações inflamadas do chefe do Ministério Público venezuelano geraram repercussão, apesar da falta de evidências apresentadas para embasar suas acusações.

De acordo com Tarek Saab, a cooptação de Lula pela Agência Central de Inteligência norte-americana teria ocorrido durante os 580 dias em que o ex-presidente brasileiro permaneceu encarcerado, de abril de 2018 a novembro de 2019, após ser condenado por corrupção no caso do tríplex do Guarujá. O procurador, no entanto, não ofereceu nenhuma prova que sustentasse essa alegação. “Para mim, Lula foi cooptado na prisão. Essa é a minha teoria”, afirmou Saab, enquanto apontava mudanças no comportamento do líder brasileiro.

O procurador-geral foi enfático ao dizer que o Lula que saiu da prisão não seria o mesmo que ocupava o posto antes. “Nem em seu físico, nem em como ele se expressa”, destacou Saab, insinuando que o presidente brasileiro passou por transformações profundas e agora estaria alinhado aos interesses de Washington. O presidente do Chile, Gabriel Boric, também foi mencionado por Saab como outro líder da América Latina que, na sua visão, teria sido “cooptado” pela CIA e que, junto a Lula, atuaria como uma espécie de “porta-voz” dos Estados Unidos na região.

A relação entre os países latino-americanos e a interferência de potências externas, especialmente os EUA, tem sido um tema recorrente nas críticas de figuras ligadas ao governo de Nicolás Maduro. A acusação de que líderes da esquerda latino-americana teriam sido cooptados por Washington é uma retórica comum entre aliados do governo venezuelano, especialmente diante das pressões internacionais e sanções impostas ao país por questões de direitos humanos e governança.

Comparação com eleições no Brasil e na Venezuela

Em um dos momentos mais polêmicos do programa, Saab comparou a vitória de Lula nas eleições presidenciais de 2022 com a reeleição de Nicolás Maduro na Venezuela em 2018, cuja legitimidade foi amplamente contestada internacionalmente. O procurador venezuelano questionou por que a vitória de Lula foi aceita e reconhecida enquanto a de Maduro foi alvo de críticas. “Eu te digo que você [Lula] ganhou porque um tribunal eleitoral determinou sua vitória, através de uma sala eleitoral. Por que foi bom para você aí e o caso de Nicolás Maduro, não?”, questionou.

A eleição de Maduro foi marcada por uma série de irregularidades denunciadas pela oposição e por organismos internacionais, o que resultou na não-reconhecimento de seu governo por diversos países, incluindo os Estados Unidos e membros da União Europeia. No Brasil, as eleições de 2022 foram reconhecidas por diversas instituições internacionais, apesar das alegações de fraude levantadas sem provas por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

 

Foto: Divulgação

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