Perícia não descobre se houve disparos com fuzil apreendido após ataque a viatura

(Foto: Redes sociais/Divulgação)

Perícia do Instituto de Criminalística do Amazonas não conseguiu identificar se houve disparos recentes com o fuzil que foi apreendido com um dos suspeitos de participação no ataque a uma viatura que levava presos para audiência de custódia no Fórum Ministro Henoch Reis, no dia 6 de janeiro deste ano, em Manaus.

Na ocorrência, o veículo da Polícia Civil do Amazonas ficou com diversas marcas de tiro. Dois presos que estavam na cela da viatura morreram e um ficou ferido. Uma policial militar também ficou ferida, mas foi socorrida pelos colegas. O fuzil foi apreendido com Level de Freitas Vilhena horas após o ataque.

De acordo com o laudo, por não definirem data e período provável do disparo, os exames de recenticidade de disparo – pesquisa de nitrito no cano da arma de fogo – foram considerados “obsoletos e não revestidos de idoneidade”. Para o instituto, os dados desse exame poderiam conduzir a erros e, consequentemente, prejudicar a correta interpretação do delito.

“Portanto, em razão de não se dispor, até a presente data, de técnica laboral capaz de determinar se fora ou não, em época recente, efetuado disparo com a arma, este exame deixa de ser realizado”, informaram os peritos Jefferson Mendes de Holanda e Joermerson da Silva Braga, no laudo de perícia criminal sobre o fuzil elaborado no dia 17 de janeiro deste ano.

Em janeiro, quatro dias após o ataque, o delegado Márcio André de Almeida Campos, adjunto da DEHS (Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros), informou ao juiz Luis Alberto Nascimento Albuquerque, da 1ª Vara Criminal de Manaus, que a arma apreendida com Level Vilhena poderia ser a mesma que havia sumido do depósito do TJAM em 2021.

Márcio Campos afirmou que a identificação da arma apreendida era a mesma da arma que foi extraviada [fuzil T4, calibre 5,56 mm x 45 mm, da marca Taurus, numeração ABH816263 com carregador]. Na ocasião, o delegado comunicou que o fuzil havia sido encaminhado ao Instituto de Criminalística do Amazonas para perícia criminal.

Nesta segunda-feira (9), o Instituto de Criminalística do Amazonas enviou o laudo de perícia criminal à 1ª Vara Criminal de Manaus. No documento, os peritos analisam dois fuzis semiautomáticos que foram apreendidos com Level Vilhena, sendo um deles da marca Taurus, de fabricação nacional, e o outro da marca Colt, de fabricação americana.

O laudo pericial descreve que os fuzis estavam em condições de serem usados na realização de disparos, mas não há como descobrir se houve disparos recentes com eles. Os peritos relatam apenas que após municiar as armas com os cartuchos de calibres compatíveis “elas apresentaram eficiência para produção de tiros”.

Sobre a arma da marca Taurus, o laudo descreve que, “apesar de o número de série, originalmente gravado na lateral direita da armação, junto ao encaixe do carregador e na lateral direita do ferrolho, ter sido suprimido por uso de instrumento abrasivo, o número de série gravado na porção posterior da lateral direita do cano estava visível: ABH816263”.

“Com as armas enviadas a exame, foram efetuados disparos experimentais em estante próprio para este fim, obtendo-se seus estojos padrões (EP). Estes foram devidamente etiquetados e depositados no Setor de Balística Forense deste Instituto, para fins de futuras comparações balísticas, caso seja necessário”, diz trecho do laudo pericial.

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Fuzil apreendido com Level de Freitas Vilhena, preso suspeito do ataque no Fórum Henoch Reis (Foto: Reprodução)
Disputa por fuzil

Reportagem publicada em janeiro deste ano mostra que o fuzil é objeto de uma disputa judicial entre dois atiradores desportivos associados a um clube de tiro de Manaus, desde abril de 2021. Adilson Borges dos Santos e Nilson Buckley Borges contam versões diferentes sobre como arma foi parar na mão de um terceiro homem alguns dias após a venda.

O inquérito aponta que, após ser apreendida por policiais militares, a arma ficou sob a guarda do TJAM. Em novembro de 2021, após o juiz Luis Alberto Nascimento Albuquerque autorizar um policial civil a usar o fuzil, o agente foi ao depósito buscar a arma, mas foi informado que o equipamento não estava mais lá.

AMAZONAS ATUAL

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