Alunos do AM transformam “Catinga de Mulata” em creme corporal

A planta Macassá, popularmente conhecida como “Catinga de Mulata”, virou cosmético nas mãos de alunos da Escola Estadual de Tempo Integral (EETI) Profª Lecita Fonseca Ramos.

E não parou por aí. O produto aromático caiu no gosto nacional. Ou seja, venceu em duas categorias na Feira Stem Brasil 2021: saúde (1º lugar) e voto popular (1º lugar com 21. 415 votos).

Trata-se do projeto “Produção de Hidratante de Macassá (Aeollanthus suaveolens), uma Atividade Empreendedora e de Práticas Experimentais”.

Dessa forma, alunos da escola localizada no bairro Monte das Oliveiras, Zona Norte de Manaus, participaram do evento nacional, a Feira Stem Brasil.

Como resultado, os alunos bolsistas Bartolomeu Mendes Guerreiro Júnior (18), Michele Sousa da Silva (19) e Kemely Araújo Pereira (17) produziram o hidratante, a partir do hidrolato e óleo essencial da Macassá.

 

Eles contaram com a orientação dos coordenadores, professora de Filosofia e Sociologia, Aldenize Pinto de Melo Nascimento e o professor de Biologia, Elias Valente Silva Filho.

Hidratante e sua utilidade

A bolsista Michele Silva conta que o hidratante é relaxante e ajuda no tratamento de fatores emocionais como ansiedade, insônia, além de aliviar o estresse e o cansaço.

“A pessoa pode ter tido um dia muito difícil e estar com dores musculares, ao chegar em casa pode passar o produto em sua pele ou, então usar o hidrolato no difusor e a pessoa fica mais relaxada”, explica a jovem cientista.

Bartolomeu Júnior destaca que a Macassá também é presente nas religiões africanas como Umbanda e Candomblé, que a utilizam para banhos de atração e outras representações.

De acordo com ele, a produção das plantas parecia ser difícil, pois tiveram que trabalhar no plantio de bastante mudas da Macassá para poder chegar ao produto final.

“É uma planta que se desenvolve bem no solo, é só regá-la ao menos uma vez por dia, pois se desenvolve bem”, relata Bartolomeu.

O professor Elias relata que ao pesquisarem se já havia um hidratante produzido a partir dessa planta descobriram que ainda não existia um produto nesse sentido.

“Encontramos o hidrolato e óleo essencial, mas não hidratante, sendo que ela tem muitos benefícios para a pele. Então aliamos o conhecimento etnobotânico, que é conhecimento popular no uso das plantas com a ciência. E, junto a isso produzir algo novo que tivesse um sentimento de recordação. Por exemplo, muitas pessoas já tomaram banho de Catinga de Mulata. Inclusive esse é o grande diferencial”, comenta o professor de Biologia.

 

Elias faz questão de destacar que esse projeto é apenas um ponta pé inicial para outras pesquisas com essa planta.

Religiões de matriz africana

Assim como, Aldenize, professora de Filosofia e Sociologia, confirma o uso da “Catinga de Mulata”, como é conhecida no Amazonas, pelas religiões de matriz africana como Candomblé e Umbanda.

“É usada para fazer banho, por exemplo de descarrego, no sentido de que a planta tem a propriedade de trazer relaxamento. Ela tem ainda uma força simbólica de lavar os búzios, usados nessas religiões”, explica.

Aldenize acrescenta que outro objetivo é de unir a Sociologia e Biologia, na perspectiva científica laboratorial com a sócio-filosófica.

 

Por isso que a Filosofia e a Sociologia entraram na pesquisa, devido ao valor que é dado à planta, nessas religiões.

“Como ela é vista socialmente? Qual a importância dela? Por exemplo, quais os valores morais que são dados a ela”, argumenta a professora.

Ela enfatiza outro fator que a pesquisa contribuiu na escola:

“Principalmente, ajuda a trabalhar a questão da intolerância religiosa. Como é uma planta associada às religiões africans, lamentavelmente, as pessoas ainda têm muitos preconceitos. Por exemplo, a planta é vista como algo do mal”.

Dessa maneira, a pesquisa possibilitou o diálogo entre os pesquisadores e as pessoas dessas religiões, que conversaram sobre a função da planta.

Nesse sentido, Aldenize considera o projeto brilhante por mostrar que é possível fazer a relação interdisciplinar; e que é possível que uma atividade possa fazer com que o aluno tenha uma educação integral.

Geração de renda

O projeto, portanto, teve as duas conquistas a nível nacional. Mas, segundo os coordenadores a meta é ir além.

“O objetivo final é patentear o hidratante e manter o projeto fixo na escola. Essa patente seria em nome dos coordenadores, que são os idealizadores do projeto, mas, sobretudo, manter o produto na escola, pois ele é uma ferramenta de transformação social.

 

Além disso, os coordenadores pretendem trabalhar o empreendedorismo dentro da escola. No entanto, para isso tem um ponto importante que ele salienta:

“A escola não tem uma APMC (Associação de Pais, Mestres e Comunitários). Ás vezes, a questão de recurso é bastante delicada. E nós, coordenadores, financiamos o projeto. Tivemos sim o apoio da nossa gestora Arethuza Karla Amorim Cavalcanti e apoio do colegiado, contudo nossa maior perspectiva é que isso seja modificado”.

Desse modo, eles têm a esperança de que os alunos que participaram da pesquisa possam ter uma renda com a venda do produto.

Portanto, esperam que alguém manifeste o interesse de patrocinar o produto. em larga escala, e dessa forma possa ajudar os alunos ganhar dinheiro com a venda do hidratante.

Fonte: bncamazona

Foto: Divulgação

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