O comitê olímpico holandês está tomando medidas para mitigar o impacto da inclusão de um atleta condenado por estupro em sua equipe, medida que provocou consternação entre alguns grupos de defesa das mulheres, disse o chefe de missão da entidade neste domingo (21).
Steven van de Velde foi condenado a quatro anos de prisão no Reino Unido em 2016, após violar uma menina de 12 anos, dois anos antes, quando ele tinha 19 anos.
Depois de cumprir parte da pena nesse país, foi transferido para a Holanda e sua pena foi ajustada às normas da lei holandesa. Van de Velde voltou a competir no vôlei de praia em 2017 e foi convocado no mês passado para a seleção olímpica holandesa.
O comitê olímpico holandês, em consulta com van de Velde e seu parceiro de jogo Matthew Immers, tomou medidas para atenuar o impacto de sua participação, transferindo o atleta para acomodações alternativas em Paris e proibindo-o de falar com a imprensa, disse o chefe de missão Pieter van den Hoogenband à televisão holandesa.
“Ele não vai subestimar isso (sua convicção). Temos que respeitar isso e ajudá-lo como membro da equipe para poder jogar”, afirmou.
Van den Hoogenband disse que van de Velde estava tentando manter o foco em sua estreia nos Jogos Olímpicos, onde ele e Immers enfrentarão dupla italiana no próximo domingo (28).
Kate Seary, co-fundadora e diretora da Kyniska Advocacy, que trabalha para a proteção e o respeito das mulheres nos esportes, disse: “Sua participação envia uma mensagem a todos de que a proeza esportiva supera o crime”
Van den Hoogenband disse que a onda de críticas o pegou de surpresa, uma vez que van de Velde já era ativo no esporte internacional havia algum tempo, inclusive participando de copas do mundo e campeonatos europeus.
“Você vê que as coisas são diferentes nos Jogos. Elas são ampliadas em torno dos Jogos”, disse Van den Hoogenband.
O porta-voz do Comitê Olímpico Internacional, Mark Adams, reiterou no sábado (20) que o órgão não teve nenhum papel na decisão de selecionar van de Velde para os Jogos. A seleção de atletas para as Olimpíadas é de responsabilidade de cada comitê nacional.