O anúncio da morte da rainha Elizabeth pelo jornal Folha de São Paulo é um escândalo. Primeiro, porque a rainha não morreu. Segundo, porque se trata não apenas de uma falha, como diz o site da Folha, mas de uma fake news. Terceiro, porque o jornal faz parte de um seleto grupo de mídia digital que ‘detém o monopólio da verdade’ e mantém o site Lupa, criado para detectar notícias falsas.
A explicação que o jornal deu aos seus leitores vai contra tudo aquilo que sempre pregou em nome de um jornalismo sério, independente, criterioso: “ é de praxe do jornalismo preparar com antecendência textos acerca de cenários possíveis e/ou prováveis, como a morte de líderes mundiais, celebridades e pessoas públicas.”.
O texto é seguido de pedido de desculpas e a informação de que a fake news foi retirada do ar.
A Folha joga no lixo toda uma história que marcou o jornalismo nos últimos 50 anos. Ao admitir que “prepara com antecedência textos acerca de cenários possíveis”, reduz o jornalismo que diz ser autêntico a previsões fatídicas de videntes como Mãe Dinah, que previu corretamente a morte dos Mamonas Assassinas em 1996. Ela foi mais eficiente, pois os Mamonas morreram em acidente de avião.
E o jornalismos factual, verdadeiro, imparcial, objetivo? Onde ficou? Na era da pós-verdade é mesmo possível antecipar fatos que ainda não ocorreram. É possível cair, inadvertidamente em uma mentira e depois, como faz a Globo, pedir “desculpas pelo erro”. Como tem o monopólio da verdade, esses grupos não produzem fake news, apenas erram e admitem que erraram. No fundo, têm os mesmos pecados dos sites que eles monitoram avidamente para detectar uma notícia errada que rapidamente chamam de fake-news.
FONTE: PORTAL DO HOLANDA