UFAM forma os primeiros mestres ianomâmis da Amazônia

Novos discentes são originários das tribos localizadas na região do Médio Rio Negro
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Os três discentes ianomâmi do Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA), da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), marcaram um feito inédito: tornaram-se os primeiros mestres da etnia ianomâmi na Amazônia brasileira.

Odorico Xamatari Hayata Yanomami, Edinho Yanomami Yarimina Xamatari e Modesto Yanomami Xamatari Amaroko são originários da região do Médio Rio Negro, mais precisamente da comunidade de Santa Isabel do Rio Negro.

Na última quarta-feira, 23 de abril, eles fizeram história para o povo ianomâmi e para toda a comunidade acadêmica da Amazônia. A cerimônia ocorreu no auditório Rio Solimões, localizado no setor norte do campus da UFAM, em Manaus, e reuniu um público expressivo.

A ocasião contou com uma banca examinadora igualmente histórica. Pela primeira vez, o líder indígena e intelectual Davi Kopenawa Yanomami — doutor honoris causa pela Universidade Federal de Roraima (UFRR) e pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) — participou como arguente.

Além dele, compuseram a banca o professor doutor Paulo Roberto de Sousa (Mbo”esara Esãîã), da etnia Tremembé, e os orientadores: professor doutor Caio Augusto Teixeira Souto, professor doutor Agenor Cavalcanti de Vasconcelos Neto e professora doutora Marilene Corrêa da Silva Freitas.

Também participaram como arguidores os professores da UFAM: doutor João Gustavo Kienen, doutora Marilina Conceição Oliveira Serra Pinto e doutor Theo Machado Fellows.

Rito acadêmico

Durante o rito acadêmico, os três mestrandos apresentaram suas pesquisas com firmeza e profundidade. Suas exposições foram acompanhadas por um público atento e emocionado, tanto presencialmente quanto online, já que o evento foi transmitido ao vivo pelo canal de YouTube do programa.

O membro externo, Davi Kopenawa afirmou que estava emocionado com a realização deste sonho.

“Eu estou sonhando acordado. Estou muito emocionado. Era isso que eu queria. Eu estou muito orgulhoso de vocês”.

Kopenawa ouviu ainda a trajetória de dificuldade enfrentada por cada ianomâmi e enfatizou que sem sofrimento não há aprendizado.

“Você sofreu, você aprendeu. Se você não sofrer, nunca vai aprender”.

Além disso, lembrou que aquele momento histórico que estava vivenciando junto aos “seus sobrinhos”, representava a luta do povo ianomâmi e que eles não são atrasados.

“Isso é resultado da nossa luta, é resultado da minha luta. Nós não somos atrasados, não. Vocês [homem branco] que chegaram atrasados”, finalizou.

Com isso, arguidores da banca avaliaram com muitos apontamentos a relevância de cada projeto para a sociedade acadêmica, sobretudo para os povos indígenas presentes na universidade e fora da dela. Reafirmaram a luta e o compromisso com os povos originários e a conquista de direitos nas universidades públicas brasileiras. Ao final, declararam aprovados os primeiros mestres em Sociedade e Cultura na Amazônia da região.

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